
Tava revendo meu fotolog (/anjo_branco)... adoro ler posts antigos meus, ver como mudei (ou não) e (re)descobrir coisas sobre mim mesmo que eu nem lembrava que existiam. A gente cresce e vai esquecendo das coisas passadas, de como a gente era e pensava a vidam quando na verdade temos que lembrar que é olhando pro passado que podemos contruir um futuro bem mais legal ou ao menos diferente!No começo até fiquei triste por lembrar de como a gente perde tempo com coisas fúteis e como a vida se repete infinitamente! Lembrei tb de pessoas que não estão mais ao meu redor, seja porque já foram pra outro lugar do mundo ou mesmo pro andar de cima! Reli comentários de pessoas que um dia foram presentes da minha vida e hj nem sequer me dizem 'oi' quando me vêem na rua! Vi fotos que hoje seriam impossíveis de serem tiradas! Mas a vida é assim mesmo, né? Sou uma pessoa nostálgica por natureza! Ah, essa foto aí foi tirada em 2005, no museu de Francisco Brennand! Adoro essa foto tanto por causa da frase como por causa dos meus pensamentos no momento! E ah, ela tem tudo a ver com meu post de hoje, neh? hUAhUAhUAHUA! Bem... No mais, deixo um texto da deusa Clarice Lispector que eu reencontrei no meu fotolog tb!
.:Por não estarem distraídos:.
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Clarice Lispector
Bem, por hoje é só pessoal! ^^
A.